Um conto em meio à pandemia – parte 3

Esta é a terceira e última parte do conto “Toque de recolher”. Relê-lo, depois de tantos meses de sua escritura, tem sido um pouco estranho, pois sinto que a história existe independente de mim, em seu próprio mérito. Por isso, mesmo com a oportunidade de alterá-la ou expandir certas partes que, a meu ver, beneficiariam o texto, e mesmo não mais presa às regras do concurso literário do qual participei, preferi publicá-lo da maneira exata como saiu da primeira vez.

Se a história te provocar alguma reação, boa ou ruim, negativa ou positiva, sou sempre toda ouvidos. Boa leitura e obrigada por me dar um pouco do seu tempo 🙂

Parte 3: A rosa de Saron e o guaxinim

A rosa de Saron

Ateei fogo às roupas no quintal, inclusive às minhas, assim que o sol despontou sem clarear demasiado o dia. Em seguida, fui ao depósito onde estavam Brock e Lola para certificar-me de que as filhas e a mãe estavam dormindo. Encontrei Lúcia deitada com o rosto virado para uma das paredes e as meninas ainda de olhos fechados. Quando percebeu que a porta havia sido aberta, ela pressionou o dedo indicador contra os lábios para pedir que eu continuasse a fazer silêncio. Depois, virou-se novamente para a parede. Era claro que precisava ficar sozinha, então retornei à lavanderia para limpar os resquícios do parto, que, por conta dos vários panos que eu acabara de queimar, não tomaram muito do meu tempo. 

O sol brilhava havia um tempo, mas minha casa descansava em quietude. Após checar que Nolan ainda dormia, fui até o meu quarto e, vestindo nada além da minha roupa íntima, já que queimara minhas vestimentas sujas de sangue junto com as de Lúcia, desabei num sono pesado e arrebatador. Não compreendo como tive a capacidade de dormir depois dos acontecimentos da madrugada. É outro daqueles mistérios da progressão da vida e da rotina apesar da extraordinariedade de certas ocasiões. Quando penso naquele momento em que cheguei até meu quarto e senti-me como num santuário, vem-me a sensação exata que tomou conta dos meus sentidos: era como se meu corpo, independentemente da minha vontade, tivesse decidido desligar-se depois de trabalhar tão pesadamente como máquina.

Duas horas depois, despertei num susto que quase tomou minha sanidade quando entendi, ainda no meio-fio entre sono e realidade, que Nolan conversava na porta de casa com uma pessoa cuja voz parecia ser de adulto. Levantei-me num instante, os olhos pesados e desobedientes, e agarrei um vestido qualquer. Não preocupei-me em fingir que estava desperta há muito, mas segurei-me, no meio do caminho, para não deixar entrever meu nervosismo. Havia sangue, percebi, debaixo das minhas unhas e, por isso, agarrei (por sorte!) um casaco fino que estava pendurado na escadaria. Coloquei as mãos nos bolsos antes de aproximar-me da porta.

“Bom dia, senhora”, disse o agente da PCOC. “Recebemos denúncia de que há uma fogueira queimando sem supervisão no teu quintal”.

“Sim, há uma fogueira”, respondi, “mas não está sem supervisão. Entrei em casa para apanhar este casaco. Está mais frio do que imaginei”.

“Como a senhora sabe, reservamo-nos o direito de investigar toda vez que recebemos uma denúncia. Com tua licença, é meu dever inspecionar o quintal”, disse o homem, já adentrando minha casa.

Posicionei meu corpo em seu caminho, a ponto de quase beijar-lhe a cara, para pedir-lhe que, por favor, entrasse pela garagem, pois o acesso era mais rápido e higiênico, já que ele não precisaria respirar o mesmo ar que circulava no interior da minha casa.

Tal atitude, brusca e denunciadora, colocava a existência de Brock, Lola e Lúcia num risco absurdo, mas não tive tempo ou claridade para calcular as chances. Mesmo desconfiado, o agente concordou com minha sugestão, o que foi uma vitória que não comemorei pois não sabia como o homem reagiria ao ver que o buraco estava cheio de roupas que, mesmo queimadas, ainda mostrariam vestígios suficientes para deixar claro o que eram. Como eu explicaria aquilo? Teria o fogo durado ou se apagado logo? E se o agente levasse consigo uma amostra do pano para ser testada e descobrisse ali uma vida que eu escondia no armazém frio? O buraco do bebê estava bem coberto? E se voltasse com um cão farejador, encontraria o bebê e continuaria seguindo o odor até Lúcia e as meninas? Nada disso teria resposta até chegarmos à fogueira. Estranhamente, a inevitabilidade da descoberta de um segredo ainda tão fresco em meu rosto, debaixo das minhas unhas e na minha maneira repentinamente desastrada de caminhar era quase um alívio.

“Bom dia, senhora”, disse o agente à vizinha que estava a jardinar no quintal ao lado. Era uma mulher que aparentava ter em torno de 50 anos, sem marido nem filhos, cujo passatempo preferido era cuidar de suas plantas e sua macieira impecável. Na primavera e no verão, Nolan e eu podíamos contar com sua presença do outro lado da cerca baixa por horas a fio. Apesar disso, pensei envergonhadamente, eu não sabia sequer seu nome porque nunca fizera o esforço de puxar conversa, mesmo sabendo que as bolas de futebol de Nolan haviam acertado suas peônias inúmeras vezes. Ela jamais reclamara. Sem querer despertar a mais ínfima suspeita que levasse o agente ao seu lado da cerca, a mulher retribuiu a saudação reservadamente e virou-se para o outro lado do quintal.

O homem caminhou vagarosamente, observando os arredores, respirando o ar afiado de uma manhã de começo de primavera como se lhe desse prazer. Quando chegou finalmente ao fundo do quintal, quase contra uma outra parte da cerca, encarou a fogueira por um tempo sem piscar. Em seguida, apanhou um galho caído da árvore frondosa que cobria quase toda a superfície do meu terreno e também da propriedade da vizinha e revirou o conteúdo do buraco. Eu continuava a observá-lo, já resignada a um segredo exposto, à espera da sentença que o agente proferiria.

“Um buraco desta largura é perigoso porque não contém o fogo de maneira eficiente. A senhora sabe bem que os bombeiros estão a postos apenas para emergências relacionadas ao vírus. Um buraco assim mal feito é um potencial desperdício de recursos”.

“Sim, cavei-o às pressas”, respondi, já sem medir as palavras.

“Que pressa há em queimar galhos no início da primavera?” perguntou ele.

Galhos? Permaneci sem reação por uns instantes e resolvi não responder até aproximar-me do buraco para ver de que raios o homem falava. Revirados ali estavam muitos galhos, pequenos e maiores, finos e grossos, queimando ainda, mas já quase todos transformados em carvão. Não havia sinal algum de qualquer material semelhante a tecido, nem uma única mancha de sangue lá dentro.

“Achei que seria um menor desperdício de recursos se queimasse os galhos ao invés de guardá-los até o próximo caminhão passar para recolhê-los. Por causa da situação que estamos vivendo, não temos ideia de quando o caminhão passará, se passar, como o senhor sabe. Minha árvore é enorme e, assim que a primavera chega com as chuvas e os ventos fortes, meu quintal fica forrado. Guardei uma quantidade grande e quis queimá-los todos de uma vez”.

“Sim, sim, faz sentido”, consentiu o homem. “Mas da próxima vez o buraco precisa ser ainda mais fundo e menos largo. Eu parabenizo a senhora pelo empenho em manter a limpeza e organização. Há menos chances de transmissão em ambientes limpos. Parece-me que o fogo está no fim e que não há mais perigo”, disse o agente, virando-se para retornar à porta da garagem.

Às suas costas, mal segurei um suspiro de alívio.

“Naquela terra recém-mexida ali, vai plantar alguma coisa?”, perguntou, como se fôssemos colegas de jardinagem, apontando para o buraco onde estava o bebê. Não havia outra indicação de que o solo fora tocado além da terra mais escura naquele ponto, mas os olhos deste homem eram tão bem treinados quanto os do outro que aparecera no dia em que Lúcia e as meninas chegaram.

“Um pé de rosa de Saron. Plantei-o ontem. Ouvi que dá flores abundantes todo ano, sem muito trabalho”.

Nunca na minha vida havia eu pensado em rosas de Saron até aquele momento. Não sei o que levou meu cérebro a produzir tais palavras e minha boca a dizê-las com tamanha credibilidade, mas seja o que for, selou a satisfação do homem de que a lei e a ordem eram mantidas no meu quintal.

O agente acenou cordialmente e disse para que eu não me incomodasse em levá-lo até a porta, que aproveitasse o dia que certamente seria agradável. Quando fechei a porta da garagem para o quintal, deixei-me desabar numa cadeira de onde podia ver a fumaça miúda saindo do buraco onde queimavam os galhos e o levíssimo relevo sobre o corpinho do bebê. Absolutamente confusa, sabendo que Lúcia não teria sido capaz de sair do armazém frio e substituir as roupas pelos gravetos, muito menos Nolan ou Brock ou Lola, caminhei até o buraco novamente a fim de certificar-me de que meus olhos não me traíam. Sim, havia apenas galhos.

No quintal do lado, a vizinha acabara de acender o fogo dentro de uma bonita churrasqueira feita no chão com tijolos decorados. As chamas alcançavam a altura de sua barriga. Ela esperou que o lume baixasse para colocar uma grelha sobre o buraco. Então, virou-se para mim, acenou levemente com a cabeça, numa mistura de bom dia e cumplicidade, e voltou para dentro de casa.

O guaxinim

Passei aquele dia todo com Nolan, Brock e Lola. Expliquei a ele e a elas que Lúcia estava doente e precisava de silêncio e espaço. As meninas estavam claramente preocupadas, e foi a expressão de desespero suprimido no rosto delas, de pensar na mãe finalmente se apagando, que fez com que eu decidisse focar minha pouca atenção e energia nas crianças o resto do dia. Várias vezes garanti, sem ter, na verdade, esse poder, que Lúcia ficaria bem e que necessitava apenas de muito descanso. Fiz também questão de mencionar cada vez que desci ao cantinho onde convalescia a mãe puérpera para que vissem que ela estava sendo cuidada.

Naquela noite, pouco tempo depois de adormecer profundamente, fui acordada por uns sons fracos debaixo da minha janela, do lado de fora. Exausta e irritada, esperei alguns minutos, ainda deitada na cama, na tentativa de descobrir o que ou quem perturbava meu sossego. A única coisa que podia ouvir era um sibilado de medo ou irritação, solto entre dentes cerrados, como se alguém estivesse a expulsar algo ou alguém da cercania. Quando abri uma fração quase imperceptível da cortina, a escuridão no quintal não permitiu que eu enxergasse além do tronco grosso da árvore.

Muito contra minha vontade, vesti um roupão e saí em direção ao quintal. Seguindo os sons, caminhei até o canto direito, onde encontrei Lúcia olhando fixamente para um ponto específico e distante no escuro do quintal. 

“Lúcia, o que você está fazendo aqui?”, disse, cobrindo seus ombros com uma metade do meu roupão. “Você não devia sair da cama de jeito nenhum”.

“O bicho, Bárbara, o bicho vai comer meu bebê”.

Com os olhos desacostumados à escuridão absoluta que pesava sobre o quintal, procurei seguir o olhar de Lúcia até encontrar o ponto exato de sua mira nos olhos brilhantes e imóveis de um guaxinim, animal noturno à procura de comida.

“Ele sabe onde está meu filho por causa do cheiro fresco. Veio desenterrá-lo. Precisamos cavar um buraco mais fundo”.

“Não podemos fazer isso, não devemos, Lúcia, você sabe. Já arriscamos demais nessas últimas 24 horas”.

Que fique claro aqui que eu cavaria quantos buracos fossem necessários, de qualquer profundidade necessária, pela paz e segurança de Lúcia e suas filhas. O que eu não poderia suportar era vê-la desfazer-se novamente com o filho no colo, agora coberto de terra, sabe-se lá em que condições de deterioração. Isso eu não podia ver e não podia permitir que ela vivenciasse. O caminho até uma possível recuperação já seria ainda longo e doloroso sem que ela visse seu bebê e assim estraçalhasse o coração novamente. Ainda teríamos que fazer secar o leite que jorraria de seus seios para alimentar ninguém, teríamos que lidar com o sangramento durante dias e dias, talvez semanas, teríamos que prestar atenção em qualquer sinal de febre, teríamos que lavar diariamente tudo que deixasse sinal do turbilhão pelo qual ela passava no armazém frio de uma casa antiga, por medo de ser separada de suas filhas caso fôssemos ao hospital e decidissem mandá-la para o alojamento de quarentena. Seriam duas separações para um único coração de mãe.

“O que eu não posso arriscar é que esse bicho desenterre meu filho, Bárbara. Isso não posso permitir”, disse ela, com lágrimas nos olhos e punhos cerrados.

“Que tal uma pedra? Vamos colocar uma pedra grande e pesada sobre o lugar onde está teu bebê”.

“Diego. O nome do meu filho é Diego”.

“Vamos colocar uma pedra sobre o lugar onde está o Diego”.

“Não há pedra grande o suficiente para isso”, disse Lúcia, sem descartar completamente minha ideia.

De fato, caminhando pelo quintal, o mais silenciosamente possível, não encontrei uma pedra que satisfizesse o receio de Lúcia. Contudo, avistei um rochedo no quintal da vizinha, colado à minha cerca. Por conta do tamanho e do peso, a maneira mais eficiente de apanhá-lo seria que eu pulasse a cerca, levantasse a pedra com esforço e a passasse para Lúcia do outro lado. Pensei que tudo isso pioraria sua recuperação, talvez bagunçasse o sangramento, mas não havia outro jeito. E eu sabia, claro, que Lúcia estava disposta a qualquer coisa para proteger Diego.

Assim fizemos depois que pulei a cerca sem receio. 

A cada dia que passava e a cada situação inusitada que clamava por minha atenção, a coragem para fazer o que parecia-me certo aumentava e o medo da PCOC e de possíveis consequências diminuía. Dentro de mim, uma professora de quase meia-idade com um filho quase pré-adolescente, existia uma força. Há momentos, às vezes décadas inteiras, em que as leis não fazem sentido e não servem à maioria das pessoas. Atrás dos slogans sobre o bem comum e o respeito ao próximo através do máximo de distanciamento possível, o uso de máscaras até dentro de casa, em família, a criação da PCOC, as multas para quem ousasse caminhar pelo parque, e a desconfiança de que toda e qualquer pessoa poderia estar carregando o vírus de forma assintomática estava o risco real e diário à subsistência de uma grande porcentagem do país. Em momento algum o governo fez pronunciamentos em respeito à saúde mental de seus cidadãos ou sobre como lidar com as mudanças no funcionamento das famílias, as crianças dentro de casa todas as horas do dia, a falta de dinheiro, a dificuldade em obter comida, o número astronômico de suicídios e a quantidade absurda, porém já esperada, de casos de violência doméstica contra todas as faixas etárias e sexos. Tivemos tanto medo de morrer que deixamos de cuidar. Achamo-nos deuses controladores da progressão natural do universo, mas quem somos nós na vastidão do funcionamento harmonioso e, por vezes, brutal do mundo? Quem somos nós, que descobrimos sofridamente que nosso conhecimento era pouco para lidar com um vírus, coisa essa que não se pode nem ver? Quem somos nós, que falhamos totalmente com pessoas como Lúcia? Quem seremos nós?

Vai-se o vaga-lume

Para meu alívio e para a alegria de suas filhas, Lúcia recuperou-se do parto sem muitas complicações além do sangramento esperado e do leite que, cruelmente, ensopou-lhe as roupas. Enfaixada por mim nos peitos para que o leite desistisse de continuar descendo, Lúcia vazava por entre as pernas, pelos seios e pelos olhos. É o maior orgulho da minha vida que eu tenha colhido todas as gotas de seu sangue, suor e lágrimas da melhor maneira que pude, pois um ato puro de sororidade restaura a corrente que conecta nossas vidas às de nossas ancestrais e daquelas que ainda virão. Nós, mulheres, precisamos dessa ligação, independentemente de como se manifeste. É assim que saramos o mundo.

Durante mais nove meses, permanecemos (eu, Lúcia, Nolan, Brock e Lola) dentro de casa, com as cortinas fechadas, treinados para o caso de alguém bater à porta, o que aconteceu mais duas vezes e nunca mais. O agente que viera inspecionar a fogueira foi quem apareceu, ambas as vezes com o semblante cansado e entediado de bisbilhotar a vida das pessoas. A maioria de nós, diga-se a verdade, vive uma existência simples, sem muitas aventuras ou bebês nascendo em lavanderias.

Passados esses nove meses, o governo anunciou que todas as restrições postas em vigor para combater o vírus estavam canceladas a partir daquele momento. A economia estava em frangalhos, disseram, sem menção a qualquer outro aspecto que possa ter afetado a população.

Minha expectativa era que me fosse estranho permitir que Nolan brincasse novamente sem medo de que sua bola fosse confiscada. Achei que precisaria praticar retomar uma vida social, mas não foi assim. Quando pude comer um pedaço de melancia no meu quintal com o sol a bater-me levemente no rosto, sem máscara, senti que aquilo ali era o gosto da liberdade. A primeira pessoa que abracei, quase a chorar ao sentir o toque de outra pessoa além dos que estavam sob meu teto, foi a vizinha que dividia a cerca comigo. Seu nome era Darlene.

No mesmo dia em que a reabertura do país foi anunciada, comprei um pé de rosa de Saron e convidei Lúcia e as crianças para plantá-lo onde antes ficava a pedra que marcava o lugar de descanso de Diego. Brock, Lola e Nolan não tinham ideia da importância do momento ou do que significava aquele broto, mas acharam a atividade muito divertida. Lúcia, por sua vez, preferiu que fosse eu a cavucar o buraquinho onde a rosa seria plantada. Foi ela, porém, quem regou a planta até o dia de sua partida.

“Tenho que tirar minhas filhas desta cidade, Lúcia, como você bem sabe”.

“Sim, eu entendo”, disse, olhando para a rosa de Saron.

“A única razão pela qual posso partir com tranquilidade é porque sei que é aqui que ele fica”. 

Debaixo da minha rosa de Saron há um bebê, plantado por mim há muitos anos. A pequena árvore floresce todo ano aproximadamente na data em que Diego deitou-se ali. Os dois são parte inextricável de mim. As flores, feitas tanto de humanidade quanto de natureza, não têm nada de aparentemente extraordinário, mas são elas que contam esta história que aqui deixo.

2 thoughts on “Um conto em meio à pandemia – parte 3

  1. Bruneca ,ciomo sempre,maravilhosa quando escreve. Deixei para comentar no fim……porque queria saber como a historia ia acabar (o que demonstra o quanto interessante ela era)
    Tive muito boa companhia por alguns dias………..obrigada.
    Beijoca

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